terça-feira, 15 de dezembro de 2015

MEDITAÇÕES XXVI


Sobre a outra margem
toda a boca te poderá falar.

No entanto,
o que na outra margem pulsa
em palavra alguma poderá caber.

Talvez um indício de ponte
te seja murmurado,
mas nenhuma o será
sem que de ti tenha um pouco.

O braço erguido nunca alcança.
Não se alcança o que já existe
no âmago dum ser.

Mas a noite é cheia de mistérios:
o reflexo do luar na folha
deixa adivinhar a posição da lua.



PBC. 






 (fonte: pinterest.com)



domingo, 29 de novembro de 2015

MEDITAÇÕES XXV


Nascimento e morte
são opostos dum só segmento
em constante sucessão.

Entre eles, desenrola-se
o que a mente entende por vida.

Ambos os pólos perecem,
de tão extremados que são:
áridos terrenos, por mais cultivo
que lhes seja dado.

A essência do meio, porém,
é deveras um campo fértil.

Investir a existência
num ou noutro
torna os Homens em ilhas.

Só no âmago se poderá revelar
o infindo oceano
que a onda ainda desconhece ser.



PBC.






(Fonte: www.dhammawheel.com)




segunda-feira, 23 de novembro de 2015

MEDITAÇÕES XXIV


Silencia o pensamento,
permite a quietude do coração:
e a consciência virá limpa
a teus também limpos olhos.

Sem expressão exacta o suficiente
para exprimir o que for,
contemplarás o silencioso
deslumbre da criação.

Assim te reconhecerás.




PBC.








(fonte: www.tuku.cn)

sábado, 24 de outubro de 2015

O VALOR DAS SIMPLES COISAS


Aprecio a literatura breve. Não necessariamente concreta, não propriamente concisa. Breve. Como alguma poesia tão bem o sabe ser. Como um conto que se reveste pelo adequado manto mágico de enigmas em metáfora. Será decerto essa uma das razões, não apenas a única, que sustentam uma íntima resistência aos romances. Não a todos, louvor seja feito. Alguns. Aqueles que não conhecem o brilho das coisas limpas, a sobriedade das páginas enxutas. Aqueles que não se importam em transmitir os sussurros do coração com que foram impregnados, somente encher a paciência do pobre leitor com linhas e travessões de um lixo verbal que (curioso, até rima!) resume-se numa seca caracterização: prolixo.

Há nisto tudo, e é bom que se sublinhe, um respeito por todos os caminhos tomados. Aquele que faço sobressair, apenas se destaca por coincidir com a natureza que cresce em meu peito. O amor à brevidade, por isso, nada deve a indolentes paixões; antes a uma pessoal aproximação, praticamente cumplicidade, ao silêncio.

Longas frases, longas páginas, longos enredos, como o pensamento, são ruído. Uma espécie de sombra assombrando a pureza tão branca de uma caminhada matinal. São abalo. Tremor. O que abalam? O que fazem tremer? A quietude.  

Na ausência de quietude, advém o cansaço. Porque a fadiga só irrompe quando um esforço é empreendido. E o esforço pesa-se, em medida de equivalência, pela redução da espontaneidade. Sem ela, volta o Homem a vestir a capa do autómato que julga ser, do escravo que tarda em compreender que não é.

Ser espontâneo é ser livre. A verdadeira liberdade surge do silêncio, a mais profunda dimensão do espírito humano, sobre a qual tão pouco sabemos. Gastamos as nossas frágeis e efémeras vidas em jogos de azar, perdidos em galerias de reflexos e ilusões. E nem por um momento demoramos a nossa atenção naquilo que pulsa, distante, em nós.

Sei que, se desejar manter a coerência, este texto deverá ser assumido numa urgência de brevidade. Mas de um silêncio profundo, cada vez menos estrangeiro do que um dia o fora, emerge neste instante um poema de Pina. Há que o partilhar.

Trata-se de um poema de avisadas palavras, talvez de suspiro, talvez de desabafo. Certamente uma advertência para os comportamentos que tomamos:


Lemos de mais e escrevemos de mais,
e afastámo-nos de mais – pois o preço era
muito alto para o que podíamos pagar


Difícil não sentir a inutilidade de todo o acto. Ele, de facto, pouco importa. Um gesto é somente um gesto. O que conta é a consciência que o sustenta, que o faz nascer, que o faz morrer mesmo antes de ter hipótese de ganhar vida.

Leituras passadas… Há que respirar, antes que o chorrilho da memória se solte. O que Pina despertou! Leituras passadas. E pesadas, tantas vezes. Em dia de chuva, que não este, afiguram-se companhias tão aprazíveis… Mas hoje, quem almeja competir com a mudez da hora? Nenhum adversário se apresenta digno. Com os devidos respeitos, uma vez mais. Joyce enfada. A melancolia obscura de Al Berto deprime (não a havia curado numa daquelas viagens?). Saramago atrapalha ritmos de leitura. Ruy Belo, de desilusão tão gémea à de Eliot, ainda desaba sobre o quarto um eterno outono. Até Hesse, tão amado, acena-me com uns contos que são assim uma espécie de mar que alaga a memória e a paciência.

Talvez a chuva ainda cesse esta tarde e todos os poemas façam sentido, quem o sabe? A falta é minha, confesso. Se bem que me questiono: de que serve a busca se tudo o que veramente importa já foi encontrado? Para quê cobrir uma luz com outra luz, sabendo que esta jamais será tão brilhante quanto a primeira? Ah, o Homem e suas demandas…

Terminarei. O Pina disse tudo. Depois, há uma promessa a cumprir. Peço a vossa indulgência, estimados, se o voto de brevidade, para o caso, não foi propriamente cumprido. Por vezes o fogo desperta, o entusiasmo consome. Pronto, lá está ele uma vez mais… Erro meu, que ainda o alimento. Incauto!

Não sei se isto é modo de terminar… Adequado, quando muito. Acontece que um estorninho acaba de poisar num vértice do telhado do prédio em frente àquele que me abriga. Afina a sua garganta. Prepara o seu concerto. E convida-me a escutá-lo. Mil perdões, senhores. Não poderei recusar.


PBC.







(fonte: fourmarksbirding.blogspot.com)







sexta-feira, 18 de setembro de 2015

MEDITAÇÕES XXIII



Aqueles que são ave
inquietos cruzam
a imensidão do mar celeste.
Que estrela procuram?

Aqueles que são lobo
sem matilha onde voltar,
palmilham solitários
as pedras da velha estrada.
Farejam um trilho para o lar?

Aqueles que são raposa
afinam a sua astúcia
na perseguição de cada presa.
É a caça razão de viver?

Aqueles que são árvore
fincam as raízes bem fundo
na terra que os viu nascer,
sem que aos altos céus
deixem de erguer os ramos.

E servem de poiso às aves,
quando se fatigam de voar;
oferecem fresca sombra
ao lobo em sua jornada;
abrem refúgio à raposa,
se vir em sua curta vida
mais do que as presas que caça.



PBC.





(Fonte: www.myenglishclub.com)

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

MEDITAÇÕES XXII



Noite estrelada.

Como cintilam
as pequenas centelhas de luz!

Chegam as nuvens.
E as estrelas cessam ao olhar
o brilho que tanto o encantava.

Oculta-se o que sempre cintilou.
Ainda cintilará,
por mais que à densidade
os olhos se habituem?

Passam as nuvens, enfim.
E as estrelas de novo cintilam
sobre o prado que as contempla.

São as nuvens
quem julgas que és.

São as estrelas
quem sempre foste.



PBC.






(Fonte: nationalgeographic.com)

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

MEDITAÇÕES XXI


É animal voraz
e o Homem assim o nomeou:
desejo.

Por mais que a sua fome
seja satisfeita,
mais insaciável se revela.

Como lhe por um termo?

O desejo é filho
da ilusão do Homem.
Para viver, necessita de tempo.
E tempo, além de fantasia,
é encarceramento.


O tempo comporta duas margens.
Se uma se inundar,
a outra logo desaparecerá.


Quando tomba a cortina,
o que sobra?
A verdade plena.

Mãe do silêncio,
em seu seio só se embala
uma quietude profunda.



PBC.






(Fonte: ravenessences.com)

sexta-feira, 17 de julho de 2015

MEDITAÇÕES XX



Por quanto tempo mais
terá a borboleta de findar
seu voo na terra prostrada,
e assim renascer em flor?

Murchando a flor,
antes berço de tanta vida,
outra borboleta, algures,
gerar-se-á.

Gerada a borboleta,
um outro voo a seu tempo
prostrar-se-á na mesma terra
donde uma flor brotará.

Se asas coloridas tem,
por que não faz a borboleta
uso de tamanha valência
e voga pela imensidão
do céu que tem em si?

Por que não é essa flor
da borboleta gerada
tão natural e simples
em sua profunda verdade?
O néctar deslumbra a borboleta,
o perfume inebria a flor.

É certo:
de tão quieto,
o silêncio é despercebido;
de tão vasto,
o vazio assusta o ser.

Sem a completa liberdade, porém,
o retorno é estrada infinita.



PBC.







(Fonte: wolfram.com)

sexta-feira, 3 de julho de 2015

MEDITAÇÕES XIX



A verdade de cada coisa
é como um pequeno sol:
cega o olhar
que súbito a ele torna.

A verdade de cada coisa,
por ferir o que julgas teu,
é raiz de injurias e proscrições.

A mentira, porém,
é como dormitar na sombra
fresca da oliveira gentil.

Aquele que dorme
tarda em despertar.
Aquele que se cega
aprende a ver.



PBC.








quinta-feira, 25 de junho de 2015

MEDITAÇÕES XVIII


Pensamentos são frutos
de memórias e experiências,
obstáculos à observação
da natureza das coisas.

Pensamentos são sons:
agridem o silêncio.
Pensamentos são nuvens:
cobrem o sol mais brilhante.

Como sons que são,
também cessam
diante da mudez mais profunda;
como nuvens que são,
também se dissolvem
à passagem do leve vento.

A eterna testemunha:
o magnânimo céu.




PBC.






(Fonte: ak-studios.deviantart.com)

quarta-feira, 17 de junho de 2015

MEDITAÇÕES XVII



Que sabemos nós das estrelas?
Do que palpita, seguro,
sob as formas que os olhos vêem?

O amor que sabemos
implora gestos para que viva.
Só ama se amado.

Foi a melhor semente
que soubemos lançar à terra.

E a flor, na vez de dentro,
cresceu para fora.




PBC.








(Fonte: amc-nh.org)

sexta-feira, 5 de junho de 2015

MEDITAÇÕES XVI




Observa o vento que baila
no afago dos sentidos,
contempla o rio que flui
através das pedras
que lhe servem de obstáculo.

Sê brando, sê gentil:
nunca saberás em que cálida tarde
a borboleta virá para adormecer
no conforto do teu ombro.




PBC.






(Foto de: Lara Hartley - www.desertusa.com)


segunda-feira, 25 de maio de 2015

MEDITAÇÕES XV



Se a palavra for vera,
tanto quanto a palavra o puder ser,
não terá de se assumir verdadeira
para afirmar a verdade que contém.

Se o espírito estiver uno,
tanto quanto o espírito souber estar,
não terá de aclamar a unidade
para revelar a união que detém.

Se tudo permanecer o que é,
na vez do que aparenta
(oh, frutos de sonho e desejo...),
o silêncio será montra maior,
revelação derradeira,
vocábulo final.

A autêntica mudez
possui a vida dos pássaros
que altos voam.




PBC.






(www.photos-public-domain.com)

terça-feira, 12 de maio de 2015

MEDITAÇÕES XIV




Conhece as sementes
que lanças à terra.
Só assim saberás
dos frutos a colher.

Como reconhecer um fruto
cuja semente desconheces?
Somente lhe poderás
adivinhar as formas
antes de o amparar em tuas mãos.

Mas a ideia de fruto
não é o fruto em si.

Conhece as sementes
que lanças à terra.
E saberás fielmente
de tua colheita.




PBC.







(fonte: www.athletico.com)

quarta-feira, 22 de abril de 2015

MEDITAÇÕES XIII



Se puderes ser rio,
flui.

Se puderes ser vento,
voga.

Se puderes ser árvore,
frutifica.

Se puderes ser lua,
reflecte.

Se puderes ser sol,
ilumina.





PBC.







quarta-feira, 8 de abril de 2015

MEDITAÇÕES XII




Serve incondicionalmente
o teu semelhante.

Se a sua boca secar,
rega-a com a água que brota
da tua fonte 
mais profunda;

se a sua fome se fizer sentir,
sacia-a com o pão que amassas
na madrugada de cada dia.

Dá sorrisos a quem te der rosas
e pétalas a quem espinhos te der
– assim entenderás o alcance
de um maduro amor.

Serve incondicionalmente
o teu semelhante.

Verás a tua íntima imagem
no brilho daquele que cuidas,
como uma estrela que reluz
no âmago do seu par.



PBC.





(Fonte: www.pinterest.com)

sexta-feira, 27 de março de 2015

MEDITAÇÕES XI




São coisas mortas
as palavras do Homem.

Rosas, talvez,
das mais belas que houve,
aguardando somente o dia
em que pousarão na lápide do tempo
como poeira que são.

Encarnam a verdade!, dizem.
Falam da verdade!, aclamam.

O que encarnam porém
se não a ideia de quem as esculpiu?
O que dizem
se não a história de quem as pensou?

A Verdade é como um novelo:
desenrola-se diante dos olhares.

Os mais avisados, cegos ignoram-na.
Mas aos frugais entreabre-se a porta.

A Verdade é um mistério.
Como compreendê-lo senão vivendo-o?




PBC.





sexta-feira, 20 de março de 2015

MEDITAÇÕES X




Num jardim de estações,
o querer é frágil flor:
o instante que o vê nascer
amortalha o enfermo corpo.

Nenhum sol, nenhuma chuva
alimentarão frutos artificiais.
Mas o espectro de tal espécie
assolará o coração de quem o sonhou.

Que arte se forma de débeis cores?
Que essência se depura de esbatido aroma?
Fosse a querença natural
como a água dum rio
e fertilizaria as sementeiras do mundo.

Porém, na vez de se esvaziar,
enche-se. E a semente, maldita,
moribunda para a eternidade,
envenena a terra que a não esqueceu.





PBC.






(Fonte: luismartinssite.blogspot.com)

sexta-feira, 13 de março de 2015

MEDITAÇÕES IX




Compreender é o prelúdio da compaixão.

Quem compreende não alimenta o conflito,
pois a fome que o instiga se saciou.

Quando compreenderes que o teu semelhante
sonha com o mesmo rio,
anseia pela mesma flor
e busca o mesmo fruto,
as fúrias a ele direccionadas
de súbito cessarão.

Tanto quanto a ele o és,
também ele é o teu reflexo,
a tua extensão
– apenas se cobre doutros mantos
e ostenta outras máscaras.




PBC.





(Fonte: www.pintarest.com)

sexta-feira, 6 de março de 2015

MEDITAÇÕES VIII



Se não houvesse manhã
para a cotovia cantar,
que ordem suprema teria
para compor seus versos?

Poderá a cotovia 
da noite fazer madrugada
se madrugada for tudo
o quanto tiver?

Certos mistérios iniciam-se
em abismos longos
e céleres derramam-se
sobre obscuras infinidades.

Na vez de compreenderes o mistério,
recebe-o em ti. Vive-o.
E canta o inominável
como o rouxinol louva o dia.



PBC.








(Fonte: ondeomeuolharseperde.blogspot.pt)

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

MEDITAÇÕES VII



Tolo aquele que intenta,
com as suas próprias mãos,
derrubar a árvore frondosa.

Mesmo que a tentasse golpear
com o instrumento adequado,
no primeiro ensaio
não conquistaria o seu desejo.

Na milésima investida,
aquele que usou as mãos
nada terá conseguido –
somente frustração, cansaço e ira.

No milésimo golpe,
quem ostentou o instrumento certo
terá assistido à concretização
do seu intento profundo.

A teimosia não compensa:
é fonte de amarguras.
A persistência é uma arte
capaz de colher doces frutos.




PBC. 






(Fonte: www.pinterest.com)



sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

MEDITAÇÕES VI




Incapaz de voar
como as aves que vogam
a imensidão celeste,
sorri a árvore por de poiso servir
às magníficas criaturas que admira.

Será tamanho sorriso ilusão?

Plena a árvore que finca
nas profundezas da terra as raízes
e aos céus distantes oferece
a verdura de ramos seus...

Nada reflecte, nada anseia.
É abrigo de aves e mãe de frutos.

Solitária, brilha na sóbria alegria
das coisas que vivem a verdade que são.




PBC.






(fonte: loopholesonlife.com)

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

MEDITAÇÕES V




A solidão é um vazio
que caminha de mãos dadas
com o Homem.

Se aceitares a sua companhia,
verterá sobre ti a doçura
dum néctar de jasmim.

Mas, se sentires o peso
da sua muda presença,
não agites as águas que te habitam.

Entende:
nessa hora, a gota que és
apenas esqueceu o tempo
em que com outras compunha
um oceano sem fim.



PBC.







terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

MEDITAÇÕES IV




Procura o silêncio.
Procura o informe
dentro do próprio silêncio.

Só o espírito saberá
aquilo que poderá ser:
talvez uma rosa,
talvez uma madrugada.

Talvez o argênteo mar
onde enfim te revejas
no que sempre foste.

Procura o silêncio:
a fonte de tudo,
a raiz do nada.

Onde principia, onde termina?
Onde poisa quando cessa
o rumor das inaudíveis asas?

Procura um coração
que ao invisível se abriu.

E deixa o silêncio absorver
cada fronteira que te aparta.



PBC.








segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

MEDITAÇÕES - III



Nunca a rosa foi ou será
mais viçosa que na hora
em que a tocas, observas e cheiras.


Ontem, era sonho.
Amanhã, será morte.

(Sonho é deslumbramento.
Morte é transmutação).


O manto que veste
a efemeridade de tudo
tece-se duma nobre e melancólica beleza.

Não serão os lírios belos,
mas tristes porque findam?
Enquanto isso, colorem
as orlas do jardim.


E não será o voo da andorinha ímpar,
mas dorido porque cessa?
Enquanto isso, canta
o dia que a abraça.

Ou talvez tudo seja apenas
aquilo que é: realidade pulsando
além do julgamento, da percepção,
do entendimento.

E somente de teus olhos jorre a água
que dilui o invicto brilho,
secretamente pulsando
no interior de cada disfarce.


PBC.






terça-feira, 20 de janeiro de 2015

MEDITAÇÕES - II




Toda a sombra se dissipa
à luz de um sol excelso,
pois toda a sombra se compõe
de luz não desperta.

Se a sombra que ostentas
mora no peso dos receios sem nome,
encaminha o cego olhar
à luz do sol da tua fé.

(Sem despojo
nenhuma fé será possível, 
sem amor
nenhum despojo será verdadeiro).

Se deveras excelso for esse sol,
ao colocares sob a sua luz
a sombra que te oprime,
vê-la-ás, num ápice,
sucumbir diante dos raios
que de pronto a fulminarão.

Da poeira remanescente
farás a tua estrada.




PBC.




(fonte: palidzusev.lv)



x

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

MEDITAÇÕES - I


Observa o riacho
fluindo serenamente,

contempla o malmequer
bailando gentil,

escuta o canto
da inspirada ave louvando
o sol onde se banha.

Em teu redor
pulsa a eternidade.

Não agites a folhagem
do dócil salgueiro.

Não se apressam os frutos
e maturam sempre
no tempo que lhes é certo.

Não se sobressaltam os rios
e desembocam sempre
no oceano que os espera.



Pedro Belo Clara.








(fonte: http://slodive.com).