sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

MEDITAÇÕES XXIX



O espinho existe,
não porque o caminho apenas
de espinhos se compõe
– mas para ilusões de flor
enfim se esfumarem.

No esquecimento em que vive
aquele que caminha,
o reflexo do espelho
confunde-se com a imagem real.

Talvez, de espinho em espinho,
a mão que se fere compreenda
a razão do ferimento.

Cumprido o propósito,
o espinho desaparecerá;
e toda a ilusão será tida
pela verdadeira natureza.

Conhecendo a real face,
como o ser poderá
projectar novos reflexos?

A rosa autêntica despontará.




PBC.







(fonte: gaudiumpress.org)


quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

MEDITAÇÕES XXVIII



Assemelha-se a algo vivo,
tal o seu forte pulsar.

Um acumulado de memórias,
acervo de experiência procurada:
um sopro de ilusão e assim
vida se conferiu à identidade
real aos olhos de quem dorme.

No âmago na nuvem,
uma escadaria descendente
anuncia-se – trilhá-la
é o desafio supremo e final.

Até esse instante lúcido,
quantas querelas não fomentará
a sombra que anseia ser luz?
Quantas contendas instigará
esse algo que só anseia ser
aquilo que em verdade não é?

O esquecimento prolonga-lhe a vida.
Todos os frutos do logro
lhe servem de proveitoso alimento.

Porém, cada passo pelo Homem dado
o guiará de volta à soleira
da casa donde partiu um dia.





PBC.








(Fonte: ncmh.info)