sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Alcançando novos horizontes

Caros leitores, amigos e visitantes,

É com enorme prazer e satisfação que agora me apresento como um dos colunistas do site brasileiro “Arte & Cultura” - quinzenalmente, todas as terças-feiras, assinarei a minha coluna poética de nome “Canções da Alma Errante”.

Não deixem de por lá passar! (http://sandracajado.com.br/ - podem fazer-se seguidores do site e acompanhar todas as suas evoluções). Dia 25 será a minha estreia, por isso conto com vossas visitas e comentários!!

Beijos e abraços,

PBC.

PS: sempre que quiserem, podem seguir a minha coluna aqui (basta clicar)!

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Amargurando

Nesta entrada, caro leitor, retorno às origens e publico uma poesia, também ela um fruto de captação, um sincero 'recorte do real' :


De vergado olhar deambulas
Por caminhos de folhas caídas,
Alienado do que em torno gira
Dessas presenças já perdidas,
Caminhando como quem mora
Na amargura de dias por nascer,
Ignorando todo o refulgir que
Além das nuvens quer florescer.

Solta-se então o pranto contido
No céu por negrume completo,
Talvez tão semelhante àquele
Que domina o teu rosto discreto.
Mas tal chuva, frígida e ausente,
Pingando nas árvores e nos lagos,
Nesse chão de moribundas folhas,
É isenta de fervores e de afagos –

Já não é aquela sob a qual sorrias,
Sob a qual rodopiava em alegria
A princesa de tua vida na calidez
Das horas eternas de um só dia,
Ambos, jovialmente apaixonados,
Percorrendo os trilhos do jardim,
Abrigando-se nas cerradas árvores
Por entre carícias e folhas de cetim.

Esta chuva é amarga, vil, ácida;
É aquela que te recorda o brilho
Do tudo que hoje poderia ter sido,
Ó renegado dos intentos do trilho!
Toda a chuva tem este atroz sabor
Desde que em derradeira viagem
Teu doce amor, solitário, embarcou –
Serena, rumou à distante margem.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Finais Felizes

Certo dia, numa banal sala de cinema de Lisboa, observei uma lágrima que, singela, escorria pelo rosto de uma mulher que se encontrava a poucos metros de mim. Condescendentemente, sorri e comecei a imaginar todos os porquês de tal fenómeno. O que teria aquele filme – mediano, até – para causar tanto impacto numa Alma como aquela? Que recordações, feridas ou moribundas esperanças terão emergido de um passado reprimido ao se confrontar com tal situação?

No fundo, penso que a questão será mais ampla, mais abrangente do que um simples coincidir de histórias forjadas com as de uma experiência pessoal. Assim sendo, eis a questão (ou conjunto delas): porque é que todos nós adoramos finais felizes? Porque é que nos sideramos em histórias fictícias? Porque é que, secretamente, desejamos que nossa vida seja como um filme, a mais “hollywoodesca” e épica das produções? Há, sem dúvida, por mais que permaneça oculto, toda uma ilusão que ardentemente desejamos ser real, todo o desenlace de um conjunto de circunstâncias que sonharíamos como verdadeiras, um algo que realmente acontecesse em nossas rotineiras vidas – a única cor em falta na nossa palete de realizações.

Talvez porque saibamos que todos esses enredos e histórias serão impossíveis, meras utopias na vida real, a vida cinzenta é repleta de tensões e de obrigações que se desenrolam em frente dos nossos olhares. Mas a realidade é apenas uma percepção de algo que existe e, como tal, sua definição nunca é homogénea. Talvez, no âmago daquele nosso recanto tão íntimo e secreto, acreditamos que nos mais efémeros e fugidios momentos essa magia poderá ganhar vida e enfeitar todos os contornos das nossas existências. Mas será a vida um filme? Até pode ser que não seja, mas penso que concordamos ao afirmar que toda ela possui um argumentista muito especial, talentoso e perfeitamente capaz de empreender sua tarefa – nós próprios.

Então, bastará pegar na mágica caneta das acções e decisões e escrever a nossa própria história, aquilo que tanto desejamos viver. Podemos considerar, a certa altura, que falhámos nessa tarefa, mas se cada indivíduo levar ao máximo as suas capacidades e vontades saberá que, independentemente do resultado, terá dado o seu melhor. E isso será o quanto baste. Assim, no fim de cada dia, constatará que importa mais o esforço empreendido no caminho da conquista do que a conquista em si. Mas não esqueçamos que, apesar de ser através do querer que se alcança, nenhum Homem alcançará mais do aquilo que lhe está reservado (e quando sofrimento, mágoa e frustração isto não nos poupará?). Se nos centrarmos nas nossas próprias verdades, compreenderemos que existem montanhas que nunca serão escaladas por nós, por mais que se tente tomá-las de assalto.

De ti – e só de ti – depende a tua felicidade e o final da história em que vives.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Mudanças

Um novo ano com novos projectos e novos desejos… Uma nova vida? Um novo Eu? Será que desta vez iremos conseguir parar para reflectir um pouco sobre quem somos e (ainda mais importante) sobre quem queremos ser? Será que desta vez iremos colocar de parte todas as futilidades que nos rodeiam e das quais não abdicamos? Iremos voltar a acreditar de que tudo ainda pode melhorar? Nossas vidas, nossa consciência, nossa atitude perante cada desafio diário? Este texto é essencialmente para aqueles que já se esqueceram de quem eram, aqueles cujos sonhos, esperanças, desejos, se tornaram em substâncias proscritas, completamente banidas de seus lares, vagabundo sem direcção alguma, quais folhas caídas esvoaçando pelo húmido vento de Janeiro.

Essas pessoas, de feridas imensamente profundas e não saradas, olham para aqueles que hoje são como eles foram um dia – corajosos, determinados e prontos a erguerem-se após as quedas, por muitos que sejam os obstáculos do percurso – e suspiram de indiferença. Afinal, ser maduro é ser responsável, é estar limitado a um pequeno mundo de preocupações e receios ridículos, é desacreditar tudo aquilo em que se acreditou, pegar no mundo e pintá-lo com a mais cinzenta das cores. Mas, ironicamente, assim são manipulados por forças que nem sabem existir, completamente entregues a uma condição de membro de obediente rebanho. Sua chama foi apagada e, no seu lugar, consome-se a ideia da ávida sobrevivência, da recta obrigação, da luta inglória por um algo que nunca é alcançado. Sinceramente, e sem qualquer tipo de sarcasmo, admito a minha compaixão por personalidades assim.

A esses que acreditam, que ainda conseguem distinguir as sete cores do arco-íris, eles consideram-nos loucos, irresponsáveis, tolos sonhadores. Eles chamam-nos de loucos! (permitam-me assumir já a condição) E, de facto, nós até o somos – somos loucos por acreditar naquilo em que poucos acreditam, loucos por aceitar correr riscos inconcebíveis e loucos por termos fé de que o impossível é, afinal, possível. Somos loucos porque tentamos empreender sempre o nosso melhor, quer seja em nossas vidas individuais ou colectivas. E é claro que eles nos estranham, a nós e à atitude que definimos como única regra de vivência, pois abanamos os alicerces em que a suas existências se assentam. Eles pensam: “o que é que eles querem que eu faça?”; nós dizemos: “o que é que eu vou fazer?”. E é aí que mora a diferença, é aí que nasce o mote para uma vida tão bela (empreender não porque devemos, mas sim porque queremos).

Existem riscos, claro; mas qual é o caminho que se vê privado de suas pedras? Nós somos aquilo que queremos ser e tudo se resume a uma determinante tomada de consciência. Os hinos gloriosos cantam para nós, sim, pois nós somos aqueles que fazem o futuro! Obviamente, somos humanos e susceptíveis às desilusões, frustrações, derrotas e feridas rotineiras, mas isso nunca nos fará capitular, por mais solitário que seja o caminho. Céus, se todos quisessem, o que não poderia ser feito? Que mudanças não nasceriam? Mas cada indivíduo tem a sua experiência de vida e isso é algo que devemos respeitar.

Quanto ao amigo leitor eu não sei mas, muito pessoalmente, eu não poderia ser de outra maneira. A partir do momento em que duvidasse, a partir do momento em que achasse que tudo era ilusão, eu morreria. Não seria mais do que todos aqueles que estiveram tão perto da genialidade mas que, por medo ou por dúvida, voltaram atrás em sua decisão e mais não foram do que membros medianos e banais de uma sociedade – também ela – mediana e banal. Agora, como sempre, a escolha reside nas acções de cada um: queremos a vulgaridade ou queremos que os Tempos se lembrem de nós? Queremos passar pela vida ou deixar o nosso nome gravado na memória do mundo? Puxando para aqui a famosa frase de um conhecido filme, pergunto qual é o comprimido que queremos tomar: o azul ou o vermelho? Cada escolha tem a sua consequência. Estareis vós prontos para assumi-las?

Um forte abraço e, acima de tudo, façam por ser felizes! 

PBC.