terça-feira, 24 de maio de 2011

Superação

Ao longo de todo este Caminho, sempre disponível para aqueles que o quiserem percorrer, inúmeras são as tentações, os afamados “testes de fé” (de tão árdua superação) e os vis elementos que pretendem sempre derrubar as muralhas da certeza e da bem feitoria – mas tudo possui um intuito de luz, isto é, de supremo entendimento e resolução (ou, pelo menos, é nisso que muitos de nós verdadeiramente escolhem acreditar). Há em nós uma Força que provém de algo imensamente superior aos demais elementos visíveis e invisíveis que nos rodeiam, um impulso que, quando descoberto e accionado, eleva todo o moral e a firmeza do mais susceptível dos caminhantes. E, para tal, bastará suportar cada intempérie sem jamais desistir, mantendo-nos firmes em nosso propósito, em nosso ideal maior e em nossas certezas que, ultrapassada a barreira apresentada, sairão reforçadas desse exercício. Mas atentem, cuidadosamente, nas vias de interpretação da palavra “suportar”, acima utilizada. Passo a clarificar: todos nós sentimos, amamos, sofremos, rejubilamos e choramos – essas são as belezas de cada viagem e acompanhar-nos-ão sempre, até que a jornada finde, pelo que jamais me referiria, quando elegi tal palavra, a uma frieza, negação ou repressão de qualquer sentir! A aceitação é uma das mais mágicas formas de superação! Para além da crença, de uma força firme e serena ou da metamorfose de comportamentos e elementos (numerando apenas alguns exemplos).

Assim, erguidos como quem confia e entende os segredos do Caminho, prontos a espalhar as sementes pelos desenvolvimentos diários, alcançaremos uma nova etapa em nossa jornada após a derradeira superação de nossas provações. Inabalável e imperecível, como rochedos benévolos, chegaremos juntos a uma nova manhã, prontos a reafirmar tudo o que, para nós, é objectivo de vida e de existência. Pelo menos, é nisso que escolho verdadeiramente acreditar.


Pedro Belo Clara.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Afirmação

A dureza de trato, por vezes, em situações bastante propícias à sua implementação, é algo que reside no mais simples de nossos actos, mesmo os inconscientes. Geralmente, exteriorizamos um sentimento contido mas, por certas causas, revelamo-nos ásperos e amargos quando nosso ponto mais frágil é pressionado, seja por ser uma dúvida, um elemento catalizador de embaraço ou algo que permite um súbito ferimento do altivo ego. No entanto, de juízo mais calmo e ponderado, facilmente poderemos entender que tal postura em nada nos beneficia ou tampouco actua como clara vantagem. Assim, se derrubarmos essas barreiras e desactivarmos essas defesas, estaremos a dar espaço para que a suavidade se apodere de nossos intentos, gestos e até palavras. No fundo, ela mais não é do que o resultado da aceitação de nossa fragilidade, o nosso lado mais obscuro, a nossa mais pura humanidade – somos o que somos e estamos onde estamos por vontade própria. E nada de errado existe nisso, pois estamos simplesmente a aceitar a luz que nos compõe, a matéria de que somos moldados, com nossas falhas e perfeições. Mas tal não será, por si só, suficiente, pois as futuras etapas do trilho do crescimento e da ascensão irão requerer algo mais – a afirmação do nosso Ser, o derradeiro abraço a todas as partículas que o constituem. Isto, claro está, são as bases daquilo a que se chama “amor-próprio”, aqui referido de forma mais ampla: a aceitação e exultação de nosso corpo e alma.

Que possamos, assim, existir em nossas verdades e entender a beleza que aí habita, abandonar o vulto que fomos no Passado e caminhar, serenos e seguros, rumo ao Sol do qual todos nós, sem excepção, somos os raios.

“Eu sou Eu e esta é a minha Luz…”.


Pedro Belo Clara.

domingo, 8 de maio de 2011

Serenidade 2

Publico aqui esta entrada sob a seguinte epígrafe por considerar oportuno acrescentar estas palavras ao que já foi anteriormente dito e discutido. Julgo, assim, importante frisar ou até mesmo explicar ou focar com uma luz de cor distinta o facto de que, estejamos nós na placidez de um momento ou na ansiosa sofreguidão de um instante apressado, devemos entender que existe uma escolha comportamental, uma opção pronta a ser accionada; e tal só a nós compete. Árduo é o seu assumir, claro, mas todo o esforço verdadeiramente empreendido é válido – essa será sempre a nossa vitória, a inabalável certeza de que empreendemos o nosso melhor. James Brady disse, um dia, que “temos de jogar com as cartas que nos deram”; o restante processo caberá à suprema realização de todos os acontecimentos. Que possamos, então, compreender essa estranha arte, a sábia lição de sermos firmes, imperecíveis e intocáveis por entre os corredores da quotidiana desarmonia, discórdia e insatisfação.

Mas, ainda assim, é importante notar que mesmo almejando a serenidade, a quietude e o sabor livre e fresco que só os momentos únicos nos podem proporcionar, se optarmos constantemente pelas mesmas hipóteses, aquelas que constituem o nosso habitual círculo de acções, estaremos a reafirmar as mesmas emoções vazias que habitam em nossas escolhas diárias e nos mesmos cenários gastos e desvanecidos. Se a velha indumentária ainda persistir, nada disso poderemos conquistar; seremos sempre um braço que em esforço se distende para agarrar a névoa. Portanto, para além do entendimento da importância das escolhas comportamentais, existe também aqui a exigência de mudança do padrão comportamental. Podemos ter noção das escolhas a tomar, mas o padrão de actuação também deverá ser alterado (isto no caso dos caminhantes mais perdidos ou atolados na lama de um tempo). Perante tal conclusão, importa despertar (uma vez mais) a Consciência e questionar se, de facto, é essa a opção ou o padrão que, mediante o dispor das circunstâncias, desejamos utilizar. No fundo, até são ambos indissociáveis.

Lembrem-se, caminhantes: em vossas decisões reside a chave da vossa libertação!


Pedro Belo Clara.

Serenidade

Inúmeras são as tentações do quotidiano, os severos testes à nossa prática sabedoria, os corrupios de acontecimentos e as inesperadas circunstâncias que apenas pretendem avaliar o nosso conhecimento e a firmeza de nossas crenças. Em quantas ocasiões não nos encontramos no seio de tais situações? Quantos de nós até não se perderam nas tramas de tais enredos? Ao conservarmos a nossa sabedoria e a nossa serenidade interior intactas, avivando a crucial evidência de que permanecemos fiéis a nós próprios e a tudo aquilo que detemos como verdadeiro, estamos a fortificar a capa que nos protegerá de tais momentos, proporcionando a elevação da nossa consciência até um novo patamar. Afinal, o barco que é mais habilmente conduzido é aquele que firme e calmo consegue permanecer durante a mais turbulenta das tempestades, aquela que, após o seu término, dará o seu lugar à luz de um sol esplendoroso. Ainda que os múltiplos cenários que nos rodeiam emanem, em certas ocasiões, a mais pacífica das emoções, até que ponto será isso um abastado proveito se no nosso âmago persiste a mais tenebrosa dúvida? Não vivemos em paz se ela não subsistir em nós, por mais que prolifere pelos verdes campos que embelezam a paisagem da nossa vida; ela é um caminho e um dos primordiais requisitos de todo o seu caminhante é a serenidade – com ela aprendemos, entendemos e aplicamos a mais sábia das estratégias. Esforcemo-nos por conservá-la! Ela conceder-nos-á tempo para cogitar e agir, para aprender e ensinar, para abrir e expandir nosso coração e nossa Alma às forças vindouras, prontas a prendar-nos com suas bênçãos. Não importa se ela, por vezes, parece escapar por entre nossos dedos, pois essa sensação é comum a muitos de nós, mas uma superior consciencialização – o cerne maior de toda a filosofia – permitirá uma tentativa constante de permanência (do referido sentimento, entenda-se). Essa será a premissa que a preservará. Qual será o sinal de fé maior, no mais amplo de seus sentidos, do que permanecer diante da adversidade, firme e sereno? Todo o Homem, para possuir fé, tem de acreditar verdadeiramente em algo; seja em si mesmo, no supremo desenrolar dos acontecimentos ou numa qualquer aleatoriedade regente, muito para além de qualquer credo ou religião. No fundo, todos eles constituem motivos de fé e a serena postura do crente uma sólida prova de que tal saber foi apreendido. Talvez hoje, como em qualquer outra ocasião, seja um óptimo dia para colocar em prática toda a sabedoria retida, directamente dos moldes em que esta foi assimilada.


Pedro Belo Clara.


segunda-feira, 2 de maio de 2011

Propósitos diários

Todos desejaríamos que, aquando da conclusão de mais um dia pleno de agitação e de cansaço, em que as certezas que tínhamos por garantidas parecem querer regredir à sua posterior forma de dúvida, fossemos prendados com o mais esplêndido dos hinos, enquanto caminharíamos por entre a mais sublime das guardas de honra. Contudo, quantos de nós não se deparam com a parte mais sombria do silêncio, aquela que se manifesta vaga e opressora? Ainda que tudo o que se obtenha seja o amargo da indiferença ou da incompreensão, a frigidez da repulsa e a inconsciência da não solidariedade, a nossa empresa diária jamais terá sido fútil ou meramente inconsequente! Tal nem sempre é claro de verificar ou de entender mas, acima de qualquer agraciar ou reconhecimento, a palavra mais doce e reconfortante deverá prover de nós e ser para nós mesmos, como num perfeito ciclo de cura e de harmonização. Se empreendermos o máximo que nos é possível, ciente de que nunca capitularemos diante dos obstáculos, colocando a consciência limpa e a nossa visão clara e viva, então escutaremos o tal hino magnânime e caminharemos sob uma guarda de honra, ao som da nossa voz e ao ritmo da nossa dança. A certeza de que executamos nossas tarefas plenos de vontade e de amor, sem olvidar o férreo e deliberado querer, servirá um propósito válido e luminoso, revelando-se na bandeira de uma vida que mais ninguém conseguirá furtar por ser tão marcadamente pessoal. E mesmo nas etapas em que circunstâncias várias se encaminham para uma não resolução, torna-se importante o accionar do rastilho que evocará aquilo que foi executado e aquilo que foi servido, concedendo o devido valor aos novos patamares alcançados ou até mesmo concebidos como meio de fortificação de intentos vindouros, ainda que a nossa limitada percepção (imensamente mergulhada no mar da materialidade) tal não consiga discernir.


Pedro Belo Clara.