sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

MEDITAÇÕES XLVIII


Tão raro é o Amor.

Não esse amor que só viça
quando a rega sobre si se verte,
que oferece sorrisos para colher
todos os sorrisos do mundo,
que mastiga afiados espinhos
por se achar longe das rosas,
que alimenta sedes por julgar
verdadeira a sede que sente.

Tão raro é o Amor.
Não por escassa existência,
mas por parca manifestação.
Quantos batalhões de nuvens
no moldar da dádiva o afogam?

Essa flor de matiz que não há
canta sob a bênção da luz
e sob o assombro da noite.
O Amor canta a eternidade
que sabe caber em si.

E nem esse é o seu modo último:
quando reconhecer o rosto
no infinito que traz no peito,
todas as canções tecidas
serão poemas de silêncio.







(Fonte: pinterest.com)