sexta-feira, 17 de julho de 2015

MEDITAÇÕES XX



Por quanto tempo mais
terá a borboleta de findar
seu voo na terra prostrada,
e assim renascer em flor?

Murchando a flor,
antes berço de tanta vida,
outra borboleta, algures,
gerar-se-á.

Gerada a borboleta,
um outro voo a seu tempo
prostrar-se-á na mesma terra
donde uma flor brotará.

Se asas coloridas tem,
por que não faz a borboleta
uso de tamanha valência
e voga pela imensidão
do céu que tem em si?

Por que não é essa flor
da borboleta gerada
tão natural e simples
em sua profunda verdade?
O néctar deslumbra a borboleta,
o perfume inebria a flor.

É certo:
de tão quieto,
o silêncio é despercebido;
de tão vasto,
o vazio assusta o ser.

Sem a completa liberdade, porém,
o retorno é estrada infinita.



PBC.







(Fonte: wolfram.com)

sexta-feira, 3 de julho de 2015

MEDITAÇÕES XIX



A verdade de cada coisa
é como um pequeno sol:
cega o olhar
que súbito a ele torna.

A verdade de cada coisa,
por ferir o que julgas teu,
é raiz de injurias e proscrições.

A mentira, porém,
é como dormitar na sombra
fresca da oliveira gentil.

Aquele que dorme
tarda em despertar.
Aquele que se cega
aprende a ver.



PBC.