domingo, 13 de fevereiro de 2011

Poemas de uma viagem na linha gaivota

I.

É um fim de tarde frio,
Este que agora se apresenta
Perante mais um dia de Novembro.

Concentrado em pensamentos
E melodias que se afinam só para mim,
Desço a curta escadaria
Que dá acesso à entrada
Para os túneis do progresso.

Progresso?
Mas que suposto progresso é este
Que se diz construtor do futuro,
Mas que em tantas ocasiões
Se encontra embargado?

Talvez ele se reflicta
Em cada um dos olhares
Desta civilização dispersa,
Embora ordenada ao longo
Dos imensos bancos corridos,
Como se de pombos contemplativos
Repousando numa saliência
Da fachada de um prédio se tratassem –

Cada um com seus pensamentos,
Imergidos no esforçado calor
De cachecóis e golas altas,
Escutando suas melodias monocórdicas. 

Alegria? Tristeza?
Algum sentimento,
Por mais efémero que seja?

Mas refrega o teu descontentamento,
Pena minha (ou será entusiasmo?),
Pois a locomotiva subterrânea,
Galopando como orgulhoso garanhão,
Já se aproxima do adro
Desta apinhada estação.


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