Caros visitantes,
Já se encontra disponível, após a sessão de lançamento realizada a dia 27 de Novembro (em Oeiras), o livro "A Jornada da Loucura", um original de poesia da minha autoria.
Podem visitar o site da Editora e procurar a obra (http://www.papiroeditora.com/) ou, em alternativa, visitar uma livraria perto de vocês.
Beijos e abraços,
Pedro Belo Clara.
O caminho não é uma via única. Não poderá ser falado, escrito e entendido com exactidão lógica, somente experienciado. Sendo tudo, nada é. Quem o trilha saberá que caminho e viajante são uma coisa só.
domingo, 28 de novembro de 2010
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Novos rebentos (I)
I.
Caminham as horas na sua ilusão,
Assim como caminho eu
Nas extensas passadeiras
Estendidas pelas folhas que vão tombando.
Desenhando e retraçando
Novos trilhos nos trilhos do parque,
Guio a minha presença
Através dos ícones da multiplicidade,
Passando pelos corredores dos instantes
E acenando, telepaticamente,
Às gravuras de um real imortalizado
Em minúsculas películas temporais.
Rejubilo com as crianças
Que pulam e sonham em seus
Peculiares mundos de sonho,
Sorrio a cada mulher que me oferece
As partículas de seu florido perfume,
Inspiro a essência que levemente
Paira pela fina névoa pendente,
A mesma que convida a entrada
De um Inverno cada vez mais presente,
E admiro a tímida beleza expressa
Nas árvores semi-desnudadas.
Mas quão frágil é o cristal
Reflector da pretensa realidade…
Novos rebentos (II)
II.
A beleza bucólica sempre é
Aprazível ao olhar simples e atento,
Mas muito para além disso,
Além das fronteiras marcadas
Pelos restos das imagens passadas,
Há hoje um ténue ruído vibrante
Que se torna ainda mais pulsante
Com o preciso contar dos momentos.
Em torno de mim mesmo,
Habitual viajante que vagueia
Pelos cenários do quotidiano,
Todo um conjunto anónimo e invisível –
A breve parte de um centro maior –
Opera com fins de futuro,
Fincando silenciosamente
As raízes daquilo que há de nascer.
Inserido nas rudes estações
Que nestes tempos persistem,
É isso que é deveras aprazível.
Noutros ventos,
Cantaria eu toda a beleza singela
Que povoa cada recanto de tal cenário,
Mas todas as canções são silenciosas
E é tempo de compor uma melodia
Que se faça ouvir no horizonte.
Pela aridez do que baqueia
E perece e apodrece lentamente,
Novos rebentos estão a irromper,
Encerrando em si novas sementes,
Novos aromas a serem exalados
E que, nestes corredores de tempo,
Proliferarão por cada galeria enegrecida,
Implementando os pilares derradeiros
Que, salvaguardando o belo
Que entre nós ainda subsiste,
Sustentarão as novas manhãs,
Desejosas por viçosas brotar
E por finalmente abençoar
Cada semblante que, reanimado,
Se volteará na direcção do verdadeiro Sol.
(Pedro Belo Clara – 20/11/2010).
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Lágrima solitária
Todas as noites,
Encontro-te sempre
Com o mesmo olhar:
Baço, vazio, sem vida,
Perdido em utopias
Ou em questões banais,
Mas que tanto te preocupam.
Para ti, o céu não passa
De uma imensa mancha escura
E as estrelas são meras ilusões,
Pois não é possível existir algo
Que brilhe tanto assim –
Alguém desnorteou
A tua agulha magnética
E o teu desespero calado
É só um pérfido efeito
Do veneno que te administraram.
Vives na realidade que julgas real,
E cumpres ferozmente
As ordens dessas vozes sem rosto
Que só tu ouves.
Talvez tenhas desistido de lutar,
Talvez tenhas esquecido
Aquilo que um dia quiseste cumprir…
Se assim foi,
Esqueceste-te de quem és.
Embora ainda haja algo
Que lateje,
Uma chama fosca que arde
Num gasto pavio,
Tu não consegues entender
O esclarecido significado
E ignoras o resgate.
Por isso, adormeces
Debruçada sob o teu cansaço,
Deixando que uma lágrima solitária
Percorra o sinuoso caminho
Das amarguras cravadas no teu rosto.
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
Se as estrelas conseguissem conjugar
Se as estrelas conseguissem conjugar
As mais doutas palavras de pasmar,
Com exclamativa declaração
Adornavam a sua observação
Dos pequenos seres!
Aquele estranho e peculiar grupo, então,
Que como desordenadas formigas
Trilha um rumo tão estranhamente incerto,
Seria a maior presa de seus perplexos
Comentários e julgamentos!
Pois, eles, tão embrenhados em pensamentos
Que se suspeitam serem vagos,
Fogem de um Mal anónimo,
Lutando e coleccionando objectivos
Sem entenderem bem o motivo
Ou a validez de tal razão.
Eles, que se dizem Homens,
Consideram-se todos proprietários
Da mística Verdade Universal
E da certeza de todos os impulsos;
Mas, bem no seu âmago,
E a todos sem exclusão,
Pulsa uma negra sombra
Que ameaça cada frágil pilar
De seus fúteis empreendimentos.
Esse Medo, eterno arqui-inimigo,
Presença persistente e inapagável,
Segue todos os seus movimentos,
Aguardando pelo instante certo
Para realizar a sua investida.
Talvez por isso,
Numa certa – porém abafada – intuição,
Céleres caminhem pelos trilhos cruzados,
Escapando ao terror dos tentáculos
De tão temível adversário.
Mas em cada pedra reside o impulso
Forte o suficiente para derrubá-la,
Ainda que todos se julguem vítimas
De exclusiva bênção maldita –
O admirável sentir.
Felizes aqueles que vivem elevados!
Ainda que tamanha seja a tarefa
Que ardilosa flameja em suas mãos…
Homem,
És tão imensamente superior
À imagem de ti mesmo constróis;
Olha em frente!
Pois é esse o primordial passo
Para se comungar com o horizonte
Que te guiará através dos longos
Caminhos da conjunta evolução.
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