Ambíguo, o olhar do Homem.
Mas que outra visão esperar,
se dual é a forma onde se exprime?
Observando o mar da existência,
quando prevê o nascer de alta onda
só teme sucumbir à força do seu sal.
Saberá que se lhe tomasse a crista
tão perto ficaria das estrelas?
Cego de vagas, ignora a absoluta
permanência do oceano que as gera.
Como poderá a simplicidade
ser bebida por tão complexa pessoa?
Ao fecundar a ilusão que cria,
por mais promissor que pareça
o destino tecido em fantasia,
fica aquém do que em verdade é.
Assim, por sua mão se condena
ao exílio dos pássaros moribundos,
esses que de tanto temerem a queda
nunca ousaram dar cor às asas.
Como uma melodia sem coração
para de eco lhe servir, desaprenderam
a arte que sempre lhes fora inata.
Pela imensidão da terra vagueiam
decepados da sua realidade,
afogados no sonho que crêem,
chorando o céu donde se expulsaram.